Há algumas semanas, o Jorge Oliveira falava-nos na "montanha-russa louca" que foram os últimos meses, de como a pandemia acelerou o desenvolvimento de vários serviços e abriu portas à mudança de alguns paradigmas, nomeadamente relacionados com a saúde, o envelhecimento e a prestação de cuidados. Sim, a pandemia veio acelerar, mas a verdade é que muitas destas mudanças estavam já em curso há alguns anos. Agora, em pleno 2022, arrisco dizer que estamos no pico daquilo que é uma verdadeira Revolução na prestação de cuidados.
Permitam-me recuar no tempo e contar-vos uma pequena história:
📰 Estamos em meados de 2019, alguns meses antes do primeiro caso de Covid-19 ser descoberto em Wuhan, na China. São 11h30 de uma manhã, em Helsínquia, Finlândia, Duvi Leineberg, uma assistente social super empática está a fazer as rondas de almoço a sete pessoas idosas da comunidade, mas, em vez de entrar na carrinha e visitar cada pessoa uma por uma nas suas casas, ela está sentada num escritório a olhar para o ecrã do computador onde pode ver as casas de cada uma das sete pessoas. A maioria está neste momento sentada à mesa a prepara-se para almoçar. Leineberg é a pessoa responsável por garantir que os idosos da comunidade comem regularmente e na hora certa. Para tal, começa por verificar se cada um deles tem a sua comida e se a mesma está devidamente aquecida. Alguns têm sopa, outros têm refeições pré-preparadas que foram entregues pelos serviços de apoio domiciliário.
Uma visita virtual em Helsinquia. Fotografia: Sarah Johnson, The Guardian.
Através de tablets colocados à sua frente, em cima da mesa da sua cozinha, e durante a meia hora seguinte, cada uma das sete pessoas têm a companhia de Leineberg, que fala com eles sobre o seu dia e sobre a importância de ingerir alguma bebida, porque a desidratação é particularmente perigosa para as pessoas de idade (podendo torná-las mais propensas a quedas, entre outras coisas). Neste contexto os copos de leite ou de água são devidamente levantados e levados à boca. No ecrã do seu computador, verifica que a imagem de um dos tablets está vazia e então liga para a casa dessa pessoa para verificar se o cliente atende e se está bem. O cliente está bem, volta a colocar-se à frente ao ecrã, mas diz que simplesmente não está com fome e não quer comer agora. Após o almoço, Leineberg pergunta se têm planos para a tarde. Alguns respondem que vão sair para passear.
Uma enfermeira supervisiona remotamente o almoço de vários idosos em Helsinquia. Fotografia: Sarah Johnson/The Guardian
Primeiro, o cliente sente que faz parte de algo maior. Também é garantido que eles comem corretamente. Se eu encontrar alguma coisa que pareça fora do comum, posso ligar para as auxiliares de cuidado que irão visitá-los, se necessário.” Duvi Leineberg, enfermeira de cuidados remotos
O serviço de almoço virtual faz parte do programa de apoio remoto a idosos da cidade de Helsínquia. Enquanto muitos países com populações mais envelhecidas têm vindo a construir múltiplas residências ou casas de repouso, a Finlândia não planeia fazê-lo e, em vez disso, está a cuidar das pessoas nas suas próprias casas durante mais tempo.
O serviço tem outras componentes de apoio regular. Cada cliente tem o seu tablet, através do qual se conecta com os assistentes do apoio remoto num centro de serviços que têm como função verificar os clientes ao longo do dia, de forma a garantir que estes estão bem, que se alimentam e tomam a medicação necessária.
“Se for possível acompanhar remotamente alguém, ver como eles estão, lembrá-los da medicação, parece uma solução boa e prática, pois permite mais tempo para visitar as pessoas que precisam de suporte físico” Claire Turner, diretora do Centre for Aging Better
Pela Finlândia, dezenas de outros projetos têm vindo a ser postos em prática e vão desde as simples conversas por videochamada com assistentes e enfermeiros até dispensadores inteligentes de medicamentos, aparelhos medidores de parâmetros de saúde, dispositivos de localização GPS, entre outros. Rapidamente o serviço ganhou mais de 800 clientes em apoio domiciliário e os assistentes passaram a realizar cerca de 24.000 visitas remotas por mês. Até ao final de 2019, o serviço esperava responder a cerca de 1.100 clientes.
Este é, sem dúvida, um exemplo fantástico de como alguns países estão a abraçar a evolução tecnológica e a quebrar algumas das barreiras tradicionais. As tecnologias estão aí e são um meio muito válido a considerar com vista à inovação e melhoria dos serviços, permitindo reduzir custos e responder de forma mais rápida e adequada aos clientes.
É neste alinhamento que a Sioslife se tem posicionado. A nossa missão sempre passou por incluir as pessoas, independentemente da idade ou capacidades, dando-lhes autonomia, qualidade vida e saúde. Acreditamos assim que ajudar a melhorar a forma como os cuidados são prestados é crucial neste nosso caminho, por isso estamos já hoje a trabalhar em várias novidades que vão levar o cuidado remoto mais além.
Se nos últimos meses, com o forte impacto da pandemia, estávamos já a promover algumas funcionalidades do sistema Sioslife que podiam ajudar no cuidado remoto, 2022 é sem dúvida o ano em que vamos trazê-las para primeiro plano. Com o lançamento do Tablet Sioslife, há poucos meses, passou a ser possível que qualquer entidade ou instituição possa deixar um tablet na casa de cada cliente e, a partir daí, acompanhá-lo remotamente. Podem assim oferecer um serviço diferenciado e inovador.
Exemplos de utilização do Tablet Sioslife
No mundo em que vivemos, em pleno 2022, "tudo" é digital. Apesar disso sabemos que ainda existe um grau de formalismo muito elevado e exigências muito específicas, especialmente se falarmos das questões legais. A Sioslife vai estar presente e ajudar cada vez mais nesta transformação digital colocando a tecnologia ao serviço da produtividade.
Nunca é demais dizer que acreditamos que qualquer pessoa, independentemente da idade ou capacidades, deve poder ter acesso a informação, comunicação, entretenimento e cuidado. Nesse sentido, estamos a desenvolver várias funcionalidades que vão permitir uma diversidade ainda maior de ferramentas para trabalhar com os mais velhos e ajudar a garantir-lhes uma vida mais ativa e feliz:
Esta realidade que estamos hoje a construir só é possível, porque temos uma comunidade fantástica a puxar por nós, por isso mesmo vamos também continuar atentos e disponíveis para vos ouvir e acompanhar.
Fiquem atentos também desse lado.