Envelhecer com qualidade, dignidade e estímulo diário. Foi este o tom que marcou a conversa com Ana Canelas, psicomotricista e animadora na Residência Senhora D’Aires, em Aguiar. Com um percurso apaixonado pelo envelhecimento ativo e pela humanização do cuidado, Ana é um exemplo de como a tecnologia pode ser uma aliada — e não uma barreira — no dia a dia de profissionais e utentes.
Neste artigo, partilhamos a sua experiência com a plataforma Sioslife, e como tem sido uma ferramenta preciosa no desenvolvimento psicomotor, emocional e social dos residentes.
Na Senhora D’Aires, o papel de Ana vai muito além da psicomotricidade. Desde apoio nas refeições à estimulação diária, cada dia é único e cuidadosamente planeado — mesmo fora do horário de trabalho. “Isto aqui é a minha segunda casa”, conta-nos. Para ela, trabalhar com idosos é criar todos os dias novas oportunidades de expressão, movimento e conexão.
Desde o início da implementação da Sioslife na instituição, Ana viu nesta plataforma uma aliada prática e versátil. Com grupos ou individualmente, leva os utentes ao computador até duas vezes por semana. “Até quem tem mais limitações consegue participar. Só não uso com quem tem défice cognitivo muito acentuado.”
O segredo? A Sioslife não serve apenas para ‘preencher tempo’ — serve para estimular capacidades específicas, com objetivos definidos para cada residente.
Jogos como "apanhar bolas", "frutos" e "obstáculos" ajudam os utentes a reconhecer o seu corpo, perceber o espaço e reagir ao estímulo. “Digo coisas como ‘usa a mão direita’, ‘mais para trás’, e isso ativa a consciência corporal deles.” - afirma.
Com jogos como apanhar balões, desenhar com um dedo só ou pintar uma tela de uma cor e pedir para apagar com um dedo, também trabalha a lateralidade — tudo de forma lúdica
A coordenação grossa é estimulada com movimentos amplos no ecrã, nos jogos de atividade física ou vídeos de exercicio físico, enquanto a fina é desenvolvida com tarefas de precisão como levar letras ao sítio certo ou o jogo de matar insetos. “São movimentos simples que ativam muito mais do que pensamos.”
Mesmo sentados, os utentes melhoram o seu equilíbrio estático e dinâmico com as interações digitais. “Eles sentem que os vídeos de ginástica os fazem bem, mesmo sem perceberem exatamente porquê.” “Muitos utentes não verbalizam, mas notamos que, depois destas atividades, sentem-se mais seguros — alguns até pedem para repetir!”
Mesmo sentados, os idosos são desafiados a mover o tronco, levantar os braços ou reagir aos estímulos visuais com movimentos coordenados. São gestos pequenos, mas que previnem quedas e promovem bem-estar.
A estruturação espaço-temporal é essencial para que o idoso se sinta ancorado na realidade. Ana usa os jogos da Sioslife para trabalhar a noção de espaço — como os puzzles ou as atividades de agarrar objetos no ecrã — mas também a noção de tempo, reforçada com a leitura de notícias, datas comemorativas e o calendário visível na plataforma.
“O sistema mostra a hora e o dia, mas também transporta os utentes no tempo com vídeos e músicas que os fazem recordar. Trabalhar a memória não é só relembrar o passado — é dar sentido ao presente.”
Ana realça que os vídeos de exercício e alongamentos da Sioslife são essenciais para manter a tonicidade muscular dos utentes. Movimentos simples — esticar braços, rodar ombros, levantar joelhos — são acompanhados com orientação visual e sonora, promovendo regulação muscular e consciência corporal.
Em momentos de maior tensão, a música entra como ferramenta de relaxamento. “Uso muito piano. Eles ficam tão calmos… até os mais agitados entram num estado de tranquilidade. É incrível.”
Uma das grandes descobertas de Ana foi o potencial da Sioslife para desenvolver a praxis — ou seja, a capacidade de planear e executar ações com intencionalidade.
Jogos como os de memória, associação de imagens ou ordenar letras desafiam os utentes a seguir uma sequência lógica. “Há idosos que memorizam a ordem dos dedos para jogar o jogo da memória e isso é uma estratégia própria! Isso é planeamento e evolução.”
O ritmo, tantas vezes esquecido, é um dos pilares mais emocionais da psicomotricidade. Ana usa músicas da Sioslife para dançar, bater palmas ou simplesmente mexer os ombros ao som das canções preferidas dos utentes.
“Mesmo quem já não fala ou responde pouco, reage à música. Tenho uma utente com demência avançada que dança sempre que ouve uma certa melodia. Está lá. A música fica quando tudo o resto se apaga.”
Um dos momentos mais emocionantes foi quando uma utente fez uma videochamada com o filho através da Sioslife. “Ela chorou de emoção. Foi um reencontro. Conseguia ver perfeitamente o filho, riu, falou e, principalmente, notou-se o brilho. Foi um momento de conexão profunda que só a tecnologia bem usada pode proporcionar.”
Para Ana Canelas, a Sioslife é muito mais do que um conjunto de jogos ou vídeos — é uma ferramenta de intervenção clínica e humana com impacto real no envelhecimento ativo e saudável.
“A Sioslife é excelente para a intervenção psicomotora com a população idosa. Promove movimento, memória, autoestima. Não é preciso reinventar a roda — basta adaptar as atividades às necessidades dos nossos utentes. Usem com criatividade.”
A sua mensagem é clara: cada jogo, cada vídeo, cada música pode ser um convite ao riso, à memória, ao toque, ao reencontro. Tudo depende de como se usa, e da intenção com que se cuida.
Se trabalha em instituições geriátricas, ERPI ou serviços de animação e psicomotricidade, a Sioslife pode ser a ponte entre o digital e o humano, entre o que parece rotina e o que pode ser transformação.
Entre em contacto connosco e descubra como a plataforma pode apoiar a sua equipa na promoção de um envelhecimento mais feliz, ativo e conectado.